sexta-feira, 9 de março de 2012

Autópsia de um fim

Falta pouco mais de uma semana. Dia 18, cidadãos eleitores guineenses - não na proporção desejada, é claro - escolherão entre nove candidatos aquele que lhes inspira mais, digamos que, confiança. É óbvio, até para um invisual, a diferença de meios entre pelo menos dois candidatos, e os restantes sete. Mas, se não tens dinheiro, porque te metes então numa campanha, neste caso, presidencial? Da chacota não escaparás (mininus di Bissau ka ta tarda), e daí a tomarem-te por um tonto, é...

Dá pena ver alguns candidatos, a campanha que estão a fazer... E as poucas pessoas que tiverem o azar de cruzar com alguma dessa 'comitiva, sentem-se encurralados. Então, limitam-se simplesmente a ouvir, com a mão a suportar o queixo. Alguns candidatos ainda nem sequer foram ao interior do País. Andam - e é quando a força e a vontade o permitem - por alguns bairros periféricos de Bissau. Candidatos. Política a sério custa dinheiro. Muito dinheiro. Mas deve custar mais pensar que não se lutou. Portanto...

Não sei se alguma coisa vai mudar na Guiné-Bissau depois das eleições presidenciais, ou se haverá mesmo eleições. O que sei e não tenho dúvida alguma, é que nada mudará se não se impuser a ordem neste País! Primeiro, a ordem; depois, a Justiça. Sim, por esta ordem. E não custa perceber - se permanecer a desordem - o que nos vai cair em cima. Para alguns, muito poucos, nada; para muitos, um pouco mais, maiores dificuldades; para muitos mais, pobreza; e, para a esmagadora maioria do Povo guineense, a pobreza extrema. Perdemos o nacionalismo, não temos exemplo que nos empolgue. Temos um Povo sem alma, nú de espírito, baralhado da mente.

Por agora é a festa, mas o 'fim' está próximo. Por agora é mar de gente em todo o lado. As pessoas não se reconhecem, torna-se impossível saber onde acaba o passeio (quando houver, é claro) e começa o alcatrão (onde houver alcatrão, é óbvio). E faz calor. Uma corrente de gente que parece aumentar de volume até fazer explodir as praças onde assistirão aos 'showmícios'.

Festas à parte, o guineense comum está cansado. Não é que não lhe passe pela cabeça a palavra 'lutar'. Passa. E muitas vezes. Só que o guineense acomodou-se faz tempo. Não quer lutar pelo simples prazer que tem em pensar que lutar deve cansar muito - e para quê mesmo cansar um corpo que mal se alimenta e que é difícil arrastar para onde quer que seja? Será que é preciso um partido ultra-nacionaista para as coisas entrarem nos eixos? Seja. AAS