quinta-feira, 7 de junho de 2012

Guiné-Bissau



Caro Aly,
 
A Ditadura do Consenso é a “ORDIDJA” da esperança dos guineenses... Parabéns! Agradecia que publicasses esta linda mensagem de consolo filtrada no discurso de Martin Luther King (28/08/1963) e moldada a nossa realidade, com o intuito de apaziguar a dor e sofrimento do nosso povo.
Obrigado!
Vasco Barros.
 
EU TIVE UM SONHO!
 
Quando os arquitectos da nossa república escreveram as magníficas palavras da Constituição e a declaração da Independência, eles estavam a assinar uma nota promissória para a qual todos o guineenses seriam seu herdeiro.
 
Esse importante decreto veio como um grande farol de esperança para milhões de cidadãos que tinham murchado nas chamas da opressão colonial.
Veio como uma alvorada para terminar as longas noites de sacrifícios e de luta nas matas de BOÉ, GUILEDJE E KASSAKA...
Esta nota era uma promessa que nossos povos, teriam garantido os direitos inalienáveis de vida, liberdade e a busca da felicidade. A Guiné-Bissau, não apresentou esta nota promissória...!
 
Quarenta anos depois, da independência, o povo guineense ainda não é livre.
Quarenta anos depois, o povo vive numa ilha de pobreza no meio de um vasto oceano de prosperidade material.
Quarenta anos depois, o povo ainda se encontra exilado na sua própria terra.
Quarenta anos depois, o pais encontra-se hibernado no lago de incertezas.
 
O povo guineense recebeu um cheque sem fundo, um cheque que voltou marcado com "fundos insuficientes".
Mas nós, (povo) acreditamos que o banco da justiça é infalível. Nós acreditamos que há capitais suficientes de oportunidade nesta nação. Assim, queremos trocar este cheque, um cheque que nos dará o direito de reclamar as riquezas de liberdade, a segurança de justiça, estabilidade política e a paz de espírito.
 
Minha boa gente, este não é o momento para descansar no luxo refrescante ou tomar o remédio tranquilizante do gradualismo...!
Será fatal para a nação, negligenciar a urgência deste pedido!
Agora é o tempo para transformar em realidade, as promessas de democracia.
Agora é o tempo para erguer nossa nação das areias movediças da injustiça para a pedra sólida da fraternidade.
Agora é o tempo para fazer da justiça uma realidade para todos os filhos desta pátria. (pátria de Cabral)
 
Somos veteranos do sofrimento. NO KINGUITI DJA!
Não deixemos caiar no vale de desespero.
Não, não, nós (povo) não estamos satisfeitos e não estaremos satisfeitos até que a justiça e a rectidão rolem abaixo como águas de uma poderosa correnteza. Não vamos satisfazer nossa sede de liberdade bebendo da xícara da amargura e do ódio.

Não devemos permitir que nosso criativo protesto se degenere em violência física.
Não podemos retroceder! Caminharemos...  Marcharemos sempre à frente.
Cumpriremos a nossa promessa.
 
Meus irmãos, embora enfrentemos as dificuldades de hoje e amanhã, eu ainda tenho um sonho. É um sonho profundamente enraizado no sonho guineense.

Eu tenho um sonho que um dia esta nação se levantará e viverá o verdadeiro significado da sua crença.
Tenho um sonho que um dia os filhos desta nação se sentarão juntos à mesa da fraternidade.
Eu tenho um sonho que um dia, a Guiné-Bissau, que transpira com o calor da injustiça, violência, impunidade e opressão, será transformado num oásis de liberdade, paz e justiça social. Tenho um sonho que um dia, todo vale será exaltado, e todas as colinas e montanhas virão abaixo, os lugares ásperos serão aplainados e os lugares tortuosos serão endireitados e a glória do senhor será revelada. Esta é nossa esperança.
 
Com esta fé, poderemos cortar da montanha do desespero, uma pedra de esperança. Com esta fé, poderemos transformar as discórdias estridentes da nossa nação, numa bela sinfonia de fraternidade. Com esta fé, poderemos trabalhar juntos, rezar juntos, lutar juntos, defender a liberdade juntos e erguer a nossa bandeira juntos.
 
Irmãos, temos que provar ao mundo que a Guiné-Bissau é uma grande nação...!
Para isso, nós (guineenses) devemos permitir que o sino da liberdade soe em todas as tabancas, todas as cidades, nas nossas bolanhas, nossos rios e florestas assim, poderemos acelerar aquele dia que todas as crianças, homens e mulheres, muçulmanos, protestantes e católicos, fulas, balantas, cabo-verdianos, mandingas etc. poderão unir mãos e cantar com um novo significado o nosso hino numa só voz.
 
Sol, suor e o verde e mar,
Séculos de dor e esperança!
ESTA É A TERRA DOS NOSSOS AVÓS!
Fruto das nossas mãos,
Da flor do nosso sangue:
ESTA É A NOSSA PÁTRIA AMADA
 
Viva a pátria gloriosa!
Floriu nos céus a bandeira de luta.
AVANTE, CONTRA O JUGO ESTRANGEIRO!
Nós vamos construir
Na pátria imortal
A paz e o progresso!
 
Mantenhas para quem luta!

Vasco Barros.