quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Nota do Editor


Caras/os leitores,

A CEDEAO ultrapassou todas as marcas no que toca ao descaramento. Agora, até desafia a União Africana (vide os comunicados). E o seu presidente da comissão, Ouedraogo, mente descaradamente. Esta organização de farsantes acabou por mostrar ao mundo civilizado a sua verdadeira face - de maneira desavergonhada, até. [A ideia foi proposta] "há muito" pela Guiné-Bissau numa reunião em Genebra e "considerada pela comunidade internacional como de importância capital para a paz, estabilidade e desenvolvimento socioeconómico da Guiné-Bissau", disse Ouedraogo, hoje, em Bissau.

Deixemo-nos de brincadeiras...

Vejamos, senhor presidente da comissão da CEDEAO

Por acaso o senhor presidente sabia que as reformas nas áreas da defesa e segurança começaram e estavam a bom ritmo, e que estavam em curso a reconstrução de casernas em todos os quartéis, a construção de raíz de novas instalações militares, incluindo o quartel-general da marinha? Saberá com certeza que a alimentação dos efectivos das forças armadas 'fazia parte'(!) dessas mesmas reformas e que já se tinham formado trezentos e tal homens e mulheres, e mais outros tantos acabaram há poucos meses a sua formação, totalizando mais de 700 novos agentes de segurança?

Ó, senhor presidente! E o senhor sabia, tal como eu, tal como centenas de milhares de guineenses, tal como milhões de pessoas em todo o mundo, que o tráfico de droga, que era suposto ser sucessivamente erradicado com a conclusão dessa mesma reforma - proposta "há muito" - pela Guiné-Bissau, foi a responsável pelo golpe de Estado de 12 abril? E saberá, por mero acaso, que esse golpe, a que a CEDEAO infelizmente se aliou, teve como consequência o cancelamento abrupto da segunda volta de uma eleição presidencial?

Parece que não se lembra, senhor presidente, que em consequência desse extraordinário acontecimento, a União Africana suspendeu a Guiné-Bissau da organização, a CPLP, a União Europeia, as Nações Unidas, o Movimento dos Não-Alinhados entre outras organizações nem querem ouvir falar em golpistas - recusando, quase oito meses depois - em reconhecer a imposição, pela CEDEAO, numa aliança perfeita com alguns militares e políticos, de um 'governo' em detrimento da vontade da maioria do povo guineense?

Saberá, claro, que a Guiné-Bissau está bloqueada política e economicamente. E que isso poderá traduzir-se em mais instabilidade, causada pelo ódio, por remorsos e ressentimentos? E saberá certamente que as responsabilidades serão imputadas à CEDEAO e aos seus comparsas guineenses, ainda que seja em tribunais internacionais.

Sabe, por sinal, que em seis meses de uma política desastrosa, destravada, depravada mesmo, dez cidadãos guineenses (transformados em "guerrilheiros de Casamança" pelo vosso 'governo de fantasmas e de traficantes') foram assassinados? Saiba, ainda, que foram torturados antes dos tiros de misericórdia?...

E sabe, ainda que lhe tenha sido dito por um passarinho, que dezenas de pessoas, cidadãos guineenses, irmãos nossos, estão refugiados em várias representações diplomáticas em Bissau, temendo pela sua vida? E, já agora, deixe-me que lhe diga que os espancamentos, ameaças à integridade física e psicológica dos cidadãos continua e não se lhe avizinha um fim a curto prazo. E que o medo continua, acaso lho sussurraram?

- Fazia ideia de tudo isto que acabei de lhe contar, senhor presidente da comissão da CEDEAO?

Senhor presidente, já que estamos numa de tu-cá-tu-lá, por falar dos guineenses...onde está mesmo a 'segurança', pateticamente apregoada pela CEDEAO, para o envio dos seus marginais travestidos de militares para Bissau? E no resto do país? Saberá, com toda a certeza, senhor presidente da comissão, porque continuam a aterrar aviões carregados de cocaína (a IIEE fala em 900kg/noite) para matar europeus e norte-americanos?

Eu digo-lhe: Porque, simplesmente, a CEDEAO pactuou com a canalha, parando a reforma nos sectores da defesa e segurança na Guiné-Bissau, que estava a ser custeada por Angola, um país nosso irmão, que teve sangue guineense derramado no seu chão, na luta contra o regime racista, e canalha, do Apartheid. Pense nisso, senhor Ouedraogo.

António Aly Silva