quarta-feira, 21 de novembro de 2012

O baile dos cangalheiros


Ontem os deputados, apelidados pomposamente de deputados da «nação», unanimes e patéticamente sorridentes, anunciaram aos guineenses e ao mundo de que, afinal de contas, «os guineenses estão unidos», pois finalmente chegaram a um acordo sem excepção, para a prorrogação do mandato da ANP, segundo ainda o reportorio de auto-elogios, «desbravando o caminho da transição através de uma via legal e possivel para a viabilização do pais». Foram varios os vocabularios de bagatelas utilizados pelos sucessivos intervenientes para justificarem o inusitado volte-face do posicionamento desse orgão, que até a altura dessa decisão, maioritariamente parecia coerente e combativa quanto a defesa dos ideais democraticos e da legalidade.

Porém, do chorrilho de kafunbans, o que os esses fandangos de deputados, fidalgos pobres da nossa decadente democracia, esqueceram de dizer ao sofredor Povo da Guiné-Bissau, é que, eles votaram na ilegitimidade uma lei que so a eles e os golpista interessava.

A eles, porque votaram a continuidade da sua sobrevivência, permitindo-lhes manter o «o tacho da vida parasitaria de Deputado-sabe-nada» e continuar a receber os seus rochudos salarios com a qual mantêm e sustentam as respectivas familias, contra a miséria do Povo. Aos golpistas, incluindo em primeira linha, o Presidente da Transição da CEDEAO, porque finalmente, por um lado, se sentirão caucionados internamente por essa decisão da ANP por esse acto barbaro de atentado à democracia guineense, por outro, também, ao Co-Golpista manuel Serifo Nhamadjo, porquanto, para além de ser ver ilegitimamente no cargo, mercê de um despacho administrativo da nigéria, viu ainda os seus poderes alargados e reforçados para melhor poder dar vazão às orientações do Bando dos Qutro, os seus potestativos patrões, nigeriano, burkinabe, senegalês e costa marfinense, os Srs, Jonhatan, Campaoré, Sall e Ouattara.

Um acto vergonhoso, caucionado por autenticos unhas de fome, ditos representantes do Povo, sua emanação, esse Povo que, pensava serem eles, o ultimo resguardo da defesa da nossa moribunda democracia. Essa democracia que, a 12 de abril fora vergonhosa e impunemente espezinhada por um bando de dilinquentes em armas foi, ontem, prostituidamente abençoada por gente pertencente a uma Casa em quem muito se acreditava, com o qual, estão hoje, porém decerto, desiludidos por servirem de joguete nesse complô vergonhoso de jogos de interesses obscuro e sem igual nos anais da nossa democracia parlamentar.

Para parabenizar essa autentica parôdia democratica, estavam dois sujeitos agoirentos postados na bancada do hemiciclo guineense, rindo às expensas do Zé Povinho. Quiça, estavam até gozando com o triste espectaculo de bajulação e cobardia dos enrabados deputados que vergonhosamente supliciavam pelo seu ganha pão, mentindo estar a «agir no interesse e defesa da nação». Acto que, no fundo se confinava aos seus interesses que é, de manterem as suas regalias e mordomias... o Povo que se lixe.

Contudo, se se tomar em conta que, nas vesperas da abertura dessa sessão parlamentar, da Nigéria chegou, através de um émissario bem conhecido na praça, uma maleta a abarrotar de dolares para comprar essa famosa votação, essa reviravolta operada pelos «desesperados da nação», particularmente os deputados da maioria, deixara de constituir uma surpresa para guineenses.

Estou eu certo de que, é por essa nebulosa razão de 'suco di bas à moda di parlamento' que, esses dois Jagunços, hoje, Donos gêmeos do novo Rêgulado de Bissau, Kumba Yala e Antonio Injai, estavam presentes no hemiciclo. Estavam la, com certeza para se certificarem in loco, quem ousaria votar contra a alteração da constituição proposta sob caução do Comando Militar/Kumba Yala/O bando dos 4 da CEDEAO..., apos terem recebido umas boas massas da corruptiva Nigéria.

É que, todo o cuidado é pouco, porquanto da aparência de se «legitimar as reformas» propostas para o periodo da transição estava uma cornalia faminta de obtusos, a legitimar na ilegalidade, sem se dar conta..., tal como o beijo de judas, a maior traição à democracia guineense.

Essa traição, de certeza, o Povo nunca vos perdoarão.

Antonio G. F.
Jurista