sábado, 30 de março de 2013

Íntimo


Sou natural de um País onde tudo que é analfabeto quer ser - e é, pasmem-se, tratado por 'senhor doutor', um País cinzento, culturalmente falhado e reaccionário, auto-satisfeito mesmo com o dever de 'pagar salários'; Desaguei num País que se tornou insensível, madrasta mesmo, para a questão Social de 90 por cento dos guineenses; Um País em hesitação permanente entre a dúvida e o não saber fazer. Em suma, um Pais governado sucessivamente por impostores! No limbo, portanto.

O meu problema são os ainda socialmente excluídos - como resolver esse problema (às vezes os ditos também não ajudam).

Caros políticos: chega de mentiras! Basta da eterna ilusão de 'igualdade'. Digam simplesmente ao Povo que não sabem, que não conseguem. Ele perdoar-vos-á, acreditem! Deixem por uma vez que seja que o esforço, o trabalho, a inteligência, a honestidade, o mérito de cada um produzam também frutos para a sociedade. É urgente que se pense na reabilitação das infraestruturas, em Bissau e no resto do País.

Para isso é necessário que o Estado tribute o rendimento dos que o possuem (e são muitos, quase todos os que assumiram cargos de alguma influência no aparelho do Estado da Guiné-Bissau) para investir em infraestruturas que estejam ao servico dos que, antes, não lhes tinham acesso - mas tudo isto sem aquela pretensão idiota de que tudo o que se faça é perfeito. Não. Porque o Estado constrói-se todos os dias. É sobretudo necessário que Estado deixe de sufocar o seu empresariado! As empresas nacionais devem ser mimadas, os bancos comerciais devem abrir-lhes as suas portas. Escancará-las. Nenhum banco comercial se mantém de portas abertas se não tiver lucros!

Enfim, haja ricos, haja menos pobres! Será sempre sinal de vitalidade da nossa economia e da melhoria da qualidade de vida. Será sinal de nivelamento social por cima, e não por baixo como tem sido hábito. O que me preocupa, é o futuro do Povo guineense, que, por causa de sucessivas tontices e disparates, tem andado para trás... É doloroso suportar tanta miséria à nossa volta. Não sou empresário, não tenho sequer um património, um metro quadrado a defender. Se der para o torto, divirtam-se, mas não deixarei de partilhar o que me dói, nem de estar ao lado do Povo humilhado da Guiné-Bissau!

Páscoa feliz a todos.
António Aly Silva