sábado, 27 de abril de 2013

Diga não à limpeza étnica nas Forças Armadas, antes que seja tarde!


"Caro Aly, peço-lhe que publique este texto. Abraço

Com a sentença (de fantochada) de “capitãozinho de Mafra” Pansau Intchama, veio ao de cima a verdadeira intenção da “inventona” do contragolpe de 21 de Outubro. A verdade é que repetiram a mesma maquiavelice do “caso 17 de Outubro” que culminou com as mortes de Viriato Rodrigues Pam, Paulo Correia e outras individualidades, nos anos 80. Criam-se “Inventonas”, executam-se quadros duma dada etnia e condenam os restantes para os poderem excluir das fileiras das nossas forças armadas. É isso o que está a acontecer à etnia Felupe, que doravante podem dizer e com toda razão que existe um “caso 21 Outubro” que visou uma limpeza da etnia Felupe das fileiras das nossas forças armadas.

A verdade seja dita, os militares da etnia Felupe são os mais temidos atualmente pelos da etnia militares da etnia balanta.  Consequência não só da bravura, coragem, disciplina, mais principalmente pelas suas dedicações a causa da formação, já que mesmo em serviço militar obrigatório nunca abdicam de irem tirando os cursos como podem, ao contrário dos “militares balantas” que só o fazem quando são atribuídos bolsas como recompensas de assassinatos e de preferência para irem estudar num país estrangeiro (Pansau Intchama, Júlio Man N’bali etc, etc…são exemplos disso).

Se não foi este o objetivo da “inventona” de 21 de Outubro de 2012, então que alguém me responda as seguintes perguntas:

1.  Alguém no seu perfeito juízo acredita que João Mendes e Ananias Djedju (militares e quadros superiores da etnia felupe com experiência de guerra, uma vez que combateram nos mais temíveis frentes de combate durante a guerra de 7 de Junho de 1998) iam-se juntar à meia dúzia de civis para atacarem um quartel com cerca de 1000 tropas de elite, "os Boinas Vermelhas"?

2.      Afirmaram que um militar que se encontrava de serviço naquela noite reconheceu e identificou o Pansau Intchama como o comandante da operação. Se assim fosse, porque é que não lhe matou? Porque optou antes por matar os comandados por este, deixando-o fugir? 

3.      Se foi o Pansau quem os comandou, como é conseguiu fugir sozinho para Bolama sem que os outros militares o acompanhassem? Onde é que estavam os que agora acusam (o Jonco Manga, Degol Manga, Jorge Sambu, Braima Djedjo, Etchem Sambu, Paulino Djata etc)? Estes não queriam fugir pois não?

4.      Que tipo de bala é que as nossas forças armadas possuem, que antes de te matar, queima-te primeiro a pele na coxa, do tórax etc? Vejam as fotos dos executados, não sejamos ingénuos, estes foram presos maltratados, queimados com maçarico, mortos e os corpos levados posteriormente para um local para darem espetáculo. Alguém viu os invólucros de bala junto dos corpos ou eles foram atacar o quartel das tropas de elite a pedrada? Vejam e revejam as fotos dos executados...

5.      Se prenderam, maltrataram e executaram os que acusaram em Bolama de terem tentado ajudar o Pansau à fugir para Guiné-Conacry, porque é que ele (Pansau) não foi se quer beliscado quando o prenderam? Alguém viu a aflição na cara de Pansau na sua chegada a Bissau ou algum sinal de maltrato? Não estava ele a sorrir nas nossas caras e a enfiar-nos barretes à todos?

6.      E os jovens assassinados em Bolama (Ensa Dabo, Carlos Alves, Amadu Baldé, Ussumane Sane da Costa «vulgo Baba» e Edgar) também eram assaltantes do quartel? Meus irmãos, estes foram executados porque viram e sabiam mais do que "deviam", por estado no sítio errado e na hora errada e presenciaram "in loco" a chegada de Pansau, que para lá fora levado pelas mesmas pessoas que o foram buscar, os militares.

7.      E mais, a quem interessa uma limpeza da etnia Felupe das forças armadas Guineense? O “porta disparates de transição” o Fernando Vaz, até já nos tinha levantado o véu quando disse que os executados não eram Guineenses (lê-se não eram Felupes), mas sim, “Djolas de Casamansa”… (Ai, ai, ser temido pelos Balantas e pelos Senegaleses tem o que se lhe diga).

8.      Se fosse verdadeiro contragolpe, como disse o Pansau, e se o Zamora Induta fosse o autor moral, porque é que não houve mais balantas envolvidos (mais balantas acusados), ou balantas mortos? Se isso fosse verdade, o Zamora não teria pelo menos mais um “macho” balanta dispostos a colaborar a não ser Pansau Intchama, que até nem era o seu braço direito quando era CEMGFA, mas sim, o braço direito de António Indjai que era seu comandante direto a quem afirmou ter obedecido ao executar o Nino Vieira?

Digo mais, esta limpeza não é de agora, pois já fez vítimas doutras etnias no passado recente. Se não, vejamos;

·         O Ansumane Mané (Comandante Supremo da Junta Militar) foi morto, no entanto, não mataram o Buota Nambatcha (da etnia balanta) que era o seu adjunto na altura.

·         Veríssimo Correia Seabra foi morto junto com Domingos de Barros, mas Watna Na Laie (o então Chefe de Estado Maior do Exercito, da etnia balanta) e Emílio Costa (o então vice-Chefe de Estado Maior General da Forças Armadas, da etnia balanta) não foram mortos…

·         Se não fosse por ser da etnia balanta, porque é que não mataram também o José Zamora Induta quando o António Indjai lhe deu "golpe" (como fizeram com Ansumane e Veríssimo) … “Kuma lubu ka ta kumé lubu?”

A semente já se encontra em terra fértil, não nos surpreendamos depois com os frutos (de vingança), ou porque não, já que se repetem “os Outubros” não seria ingénuo da nossa parte não esperarmos um outro “7 Junho” com consequências deveras imprevisíveis?

Kuma baga-baga ka tene tarsadu, ma i ta korta paja!

Mídana Silva"