segunda-feira, 15 de julho de 2013

Um Nobel à deriva


OPINIÃO

"Em tempos, a nomeação do Nobel da Paz, José Ramos Horta (JRH) como Representante Especial do Secretario Geral das NU (RESG-NU) para a Guiné-Bissau, suscitou nos guineenses uma onda de esperança, crendo piamente de que, a crise que se instalou na Guiné-Bissau, iria encontrar inevitavelmente uma saída pragmática e durável com o aporte de um tão grande capital humano dotado de uma sumidade de experiências governativa e de exercício de poderes institucionais .

Esses pressupostos de esperança assentavam indubitavelmente no curriculum que aureolavam o Nobel nomeado e, particularmente, de ter sido Presidente com sucessos realizados de novel pais, Timor Lorosae, considerado como um modelo de resgate no quadro das Nações emergentes.

Efetivamente, eram validas e defensáveis esses pressupostos de esperança à luz do que se pensava e se avaliava da pessoa enquanto estadista, cujas valências e pragmatismos expostos nas suas ações poderiam ser aplicadas pragmaticamente, com vista a uma saída para a crise guineense dentro de um quadro modelarmente democrático que se assente fundamentalmente nos princípios básicos do respeito dos direitos fundamentais do cidadão guineense na escolha livre e democrática dos seus dirigentes.  

No entanto, essa simpatia e onda de esperança cedo se esmoreceu e, hoje, pode-se dizer que esse élan, se perdeu de forma inequívoca devido as errâncias, amadorismo e até um certo "naifiismo" politico-pedagógico" com que o Nobel Representante do SG-NU para a Guiné-Bissau tem estado a conduzir o processo de uma possível saída de crise da situação politico militar vigente.

JRH sabe mais do que ninguém de que não esta a lidar com meninos de coro, tanto sejam eles do campo político ou militar. Ele sabe, que esta perante pessoas calejadas e versadas em ações antidemocráticas, subversões militares, assassinatos e recorrentes golpes de estado, ciosos e consciente de que, as suas ações sempre encontrarão refugio no escudo da impunidade subjacentemente enraizada nas suas mentes de pérfidos.

JRH sabe que a elite politico militar que atualmente desgoverna e desmanda na Guiné-Bissau, é constituída por pessoas sem idoneidade moral e politica, sem credibilidade e sem seriedade governativa e gestão da coisa publica.

Sabe JRH de que a cúpula politica e, principalmente a elite militar, hoje reinante em Bissau esta envolvida em atividades marginais e ações ligadas ao crime organizado, tais como assassinatos sumários, trafico de droga, contrabando de armas e cumplicidade em atentados contra Estados estrangeiros. Sabe JRH que, essa cúpula militar com que hoje  convive, e até bajula, esta envolvida em atentados contra a democracia, os direitos humanos e até crimes de sangue recentes, sem que, para tal sejam responsabilizados ou traduzidos à justiça, porque eles é que são os verdadeiros detentores do poder na Guiné-Bissau. Estamos ciente de que, JRH de tudo isso sabe, mas prefere olhar para o lado, ir assobiando como se esses "pecados" não assomam à sua vista e responsabilidade.

JRH sabe tudo isso, mas teima pateticamente continuar a fingir de que não sabe ou que não deu conta, continuam a advogar cinicamente de que, essas pessoas são na "verdade vitimas do sistema" e podem e devem ser recuperáveis na sociedade. JRH vai até ao desplante de vezes sem conta repetir publica e cinicamente comovido de que, "até compreende a atitude desses militares" !! Compreender o quê, Sr José Ramos Horta ?

Na verdade, JRH incompreensivelmente compreende-os e até tornou-se amigo pessoal e visita assídua da casa e dos domínios do General António Indjai, não perdendo nunca a oportunidade de junto dele, postar a defesa das suas causas  pleiteando denuncias carregadas de compaixão, sobre as condições "imundas e degradantes" onde esses energúmenos inimigos do povo, seus ilustres camaradas vivem. Simplesmente patético e constrangedor.

E bom que, JRH saiba que, por seu lado, o Povo Guineense esperava dele, uma outra postura e posicionamento que trouxesse mais valias e soluções para a crise que assola a década e meia o martirizado povo da Guiné-Bissau. Esperava-se mais dele, pois o Povo pensava que JRH, era um profundo conhecedor das causas, dos males e dos protagonistas que estão na génese dos problemas que assolam a Guiné-Bissau nestes últimos 15 anos de permanente perturbação militar da jovem democracia guineense. Pensava-se, mas concluíram, de que estavam enganados.

O Povo da Guiné-Bissau, já de si concluiu de que, JRH foi uma ma aposta, uma escolha errada, enfim de que, foi um fiasco, uma desilusão em toda a linha, pois em vez de defender os interesse e os anseios democráticos do Povo Guineense anda a reboque e sob amedronta do regime político-militar golpista de Bissau.

Assim, entendemos que, é bom, que se faça saber ao Sr. JRH de que, a Guiné-Bissau não precisa de um Comissario Politico nem de um Catecista do Populismo, pois tal, é o papel patético que vem desempenhando de uns tempos a esta parte no cenário político-militar da crise guineense. Hoje, JRH é, à vista da opinião do Povo guineense, um elemento marioneta nas mãos dos militares e da classe politica intriguista que se apoderou do poder na Guiné-Bissau. Alias essa sua cumplicidade esta patente nas diversas ações de advocacia publica que tem feito a favor desse regime de bandidos, enquanto a barbarie, a repressão e ações criminosas estão sendo cometidas diariamente e à luz do dia debaixo das suas barbas..., sem nada fazer, sem nunca reagir e, muito menos reportar a quem de direito.

E triste e vergonhoso o papel que JRH esta a desempenhar neste momento na Guiné-Bissau enquanto RESG-NU. E triste ver um antigo Nobel da Paz e Presidente de um pais de referência, deixar-se embrulhar infantilmente em demagogias baratas, deixar-se perder penosamente num processo que a partida parecia ao seu alcance, mas que, infelizmente parece não estar à altura de pilotar e nem parece ter soluções para apresentar.

JRH, de errância em errância, de falhas em falhas, vai-se perdendo no atoleiro guineense e, hoje por hoje, é certo de que, ele não tem credibilidade e tão pouco argumentos convincentes para apresentar no atual cenário político-militar, demostrando a sua inoperância e ineficácia, factos confessos de que, foi ultrapassado e submergido por completo pelos acontecimentos na Guiné-Bissau.

Outro sinal inequívoco do seu descrédito na condução do atual processo guineense, já foi igualmente dado pelas NU, pois sente-se nessa instância de que houve efetivamente um erro de "casting" sobre a escolha da sua pessoa para mediar o processo da crise guineense. Esse fato é tão evidente, que o próprio Secretario Geral das Nações Unidas, Sr Ban Ki-moon, anunciou recentemente a nomeação para breve de um seu novo Representante Especial para a Guiné-Bissau a fim de "coadjuvar" JRH. Esse novo RESG-NU seria encarregue, dos Assuntos Políticos... enfim uma vertente da crise onde JRH tem sido um autêntico fracasso.

Essa coadjuvação, não deixa de constituir um sinal forte de que, JRH não cumpriu com a sua missão na Guiné-Bissau e que, as suas ações de "comissario politico" e de "catecistas", não foram devidamente apreciadas, pois redundaram num total fracasso. Inequivocamente, trata-se de um sinal de desconforto das NU para com as ações de JRH na Guiné-Bissau, signo de que, ele já se encontra aos papeis na gestão da crise guineense.

Porém, daqui até novembro, resta ao Sr. JRH fazer uma analise intro e retroespectiva das suas ações no cenário da crise guineense até a presente data e, quiçá tentar arredar caminho e ganhar coragem para apresentar e propor aos que o mandataram soluções realistas e, acima de tudo pragmáticas e coerentes com a realidade que vem inquinando o processo democrático guineense à longos anos...enfim, ganhar a hombridade e coragem de dizer ao Sr SGNU de que : O regime politico de iniciativa militar que reina na Guiné-Bissau não tem credibilidade nem seriedade para gerir o processo de transição na Guiné-Bissau. Enfim, de que, sem a implementação pelas NU de um modelo de tutela idêntico ao que foi instituído com sucesso no seu pais, nada mudara..., tudo continuara na mesma, senão, para pior, e como tal, tudo tendera para o caos e a sucumbência da Guiné-Bissau enquanto Estado.

Bem haja,

Hipolito I. Silva"