quarta-feira, 2 de abril de 2014

Guiné-Bissau: Comunidade internacional deve ser "dura" com militares


Luís Manuel Cabral, Lusa

O ex-ministro do Negócios Estrangeiros português António Monteiro afirmou hoje que a comunidade internacional deve ser "cada vez mais dura" com os militares da Guiné-Bissau, considerando que as eleições não são suficientes para normalizar o país.

"As eleições não são claramente suficientes para normalizar a situação na Guiné-Bissau, mas são um passo. Já houve eleições antes e vimos o que é que se seguiu", disse o embaixador, em entrevista à agência Lusa a propósito da IV cimeira UE/África, a 02 e 03 de abril, em Bruxelas.

Guiné-Bissau realiza eleições legislativas e presidenciais a 13 de abril próximo, que marcam o fim do período de transição que se seguiu ao golpe de Estado de 12 de abril de 2012. "A forma como se deram os golpes, com o que se seguiu aos golpes e o que continua a acontecer prova que os responsáveis atuais da Guiné-Bissau precisam perceber que o mundo está em cima deles e não estarem convencidos que como são pequeninos ninguém lhes presta atenção e que há ali uma oportunidade de se desenvencilharem da violência com impunidade porque ninguém liga", disse.

António Monteiro referiu que os "militares recalcitrantes" continuam "a cometer abusos" e que, por isso, "a comunidade internacional deve ser cada vez mais dura". Neste sentido, defendeu um envolvimento cada vez maior de organizações como a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que deve ter a Guiné-Bissau "como o seu caso número um".