quinta-feira, 12 de maio de 2011

Desmontando Cadogo

O 1º Ministro da Guiné-Bissau, Carlos Gomes Jr., disse à RTP e à Agência LUSA que a Guiné-Bissau "não é um narco-Estado" - desmentindo assim o que foi dito na reunião do Grupo dos 8 + a Rússia: "A Guiné-Conacry, o Senegal, a Guiné-Bissau e Cabo Verde", são os principais narco-estados de África".

Pois bem. O Primeiro-Ministro da Guiné-Bissau não disse a verdade. Melhor: mentiu. A Guiné-Bissau é um narco-Estado, sim! - e talvez mesmo jogue a ponta de lança nesse negócio da morte e auto-destruição. Fica mal a um PM sacudir a água do capote.

A cocaína existe em proporções bíblicas. O barco 'Lamu Star' - que o próprio PM mandou soltar é um exemplo vivo de que, para além de haver droga, lá no alto do Estado, alguém dá cobertura a poucas vergonhas desta natureza... AAS

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Makas na MISSANG ‘devolvem’ adjunto a Luanda

O comandante adjunto da Missão de Segurança das Forças Angolanas na Guiné-Bissau (MISSANG), brigadeiro Manuel Flora, terá sido recambiado para Angola na sequência de desacatos com um subordinado, coronel, na via pública daquele país africano, soube O PAÍS de uma fonte militar. O oficial general, segundo uma fonte de O PAÍS nas Forças Angolanas, teria vindo a Luanda, esta semana, pela mão do chefe do EstadoMaior General Adjunto, general Jorge Barros “Guto”. A altercação terá acontecido na via pública com um coronel da missão militar angolana na Guiné-Bissau.

Aquando da instalação formal desta missão das FAA na Guiné-Bissau, dois jornalistas, o autor destas linhas e o colega da Angop, tiveram uma conversa com dois sargentos da Polícia Militar angolana que reclamaram de um alegado mau tratamento que lhes estava a ser “brindado” pelos seus superiores hierárquicos, consubstanciado em ofensas morais, e, na altura, falou-se mais do comandante da missão.

Foi aventada, na altura, pelos militares, a possibilidade de alertar o general Cândido Pereira Van-Dúnem, mas a ocasião nterá favorecido uma abordagem ao ministro da Defesa. Segundo fontes deste jornal, haveria mesmo o desejo dos militares, sargentos e soldados, de procurarem manifestar o seu descontentamento por via dos órgãos de comunica ção social angolanos que lhes dêem abertura para tal. Entre as reclamações ouvidas na Guiné-Bissau constam ainda o facto de não ter sido comunicado aos militares o tempo a permanecer por lá, os salários e subsídios a que têm direito, o tempo de férias, bem como a falta de comunicação com as respectivas famílias.

“Sabemos que tudo está tratado, mas está a faltar comunicação” disse um dos militares. Segundo o relato do militar angolano, a maior parte dos efectivos da missão tinham formação em operações de manutenção de paz, tendo alguns sido escolhidos para participar em várias acções formativas no âmbito da SADC.
Segundo uma fonte na Polícia Militar, os crimes de ofensas morais e físicas são puníveis, nos termos do regulamento de disciplina militar em vigor nas Forças Armadas Angolanas, com penas de prisão.

O brigadeiro Manuel Flora é um militar que pertenceu aos quadros da Direcção Principal de Quadros do Ministério da Defesa ao tempo das extintas FAPLA, onde iniciou a carreira com a patente de aspirante. Por altura da constituição do exército nacional único chefiou a Direcção de Pessoal e Quadros do Exército do Estado-Maior General das FAA, mas , segundo as mesmas fontes, caiu nas malhas de um processo de corrupção na gestão do pessoal com ligação às finanças que o relegou para o esquecimento durante longos anos, tendo sido reabilitado com a sua nomeação para chefe adjunto da MISSANG.

Naquele então chefiava o Estado Maior do Exército, o general Mateus Miguel Ângelo “Vietname”, actual vice-ministro da Assistência e Reinserção Social. A fonte não pôde precisar qual o procedimento a ser seguido em relação ao oficial general.
A MISSANG é um destacamento militar angolano de pouco mais de 200 homens que tem a tarefa de ajudar o exército guineense a reformar as Forças Armadas da Guiné-Bissau, assim como as de segurança, que foi instalada formalmente em Abril último.
O País espera poder publicar uma reacção oficial, sobre este assunto, na próxima semana, a partir de Bissau.

Jornal «O País», Eugénio Mateus

Angolano da MISSANG queria um Renault, mas não queria pagar

MAIALA NELSON é um militar do contingente militar angolano, em Bissau, a MISSANG(as). O nosso camarada de armas, o Maiala, enamorou-se por um Renault Kangoo branco. Um carrito para as voltas em Bissau, talvez para levar a namorada ao Bandim, ou a Quinhamel para umas ostradas.

Do enamorar até convencer o proprietário do carrito, foi um papo rápido. É angolano, tem dinheiro, e, quiçá, um poço de petróleo no quintal da sua casa. Com sorte, até umas pedrinhas reluzentes...mas é só tanga, como mais adiante se verá.

O comerciante já esfregava as mãos de contente. Mais Cfa's para juntar na conta, pensou ele. Mas pensou mal. O prazo acordado para o pagamento da viatura chegou e nada. Uma desculpa esfarrapada amainou tudo. E o comerciante a desesperar. Novo prazo, nova mentirinha.

Até que o comerciante ganhou coragem e foi directamente ao Estado-Maior da MISSANG fazer uma participação. O Maiala foi encostado à parede (se da piscina ou do restaurante, isso já eu não sei) e foi-lhe dado um prazo para "pagar ou devolver" a viatura. Escolheu o mais fácil: depois de andar centeneas de quilómetros...entregou as chaves do carro ao legítimo dono. Assim, não! AAS

No Outono da minha pena

A vida é expressão. De uma ideia, de uma emoção, de um conhecimento. Quem quer que queira um lugar na sociedade, tem de aprender a dar forma ao que sente, ao que sabe e ao que quer. A imagem, neste aspecto, é omnipotente; Mas a escrita, essa, permanece insubstituível - evidentemente.

Por muitas e variadas razões, escolhi o caminho da escrita. Escrevo para me libertar. De tudo e de nada. Quando estou bloqueado, não há nada a fazer - o cigarro torna-se azedo, os cafés não sabem a nada. Por isso mesmo tenho gavetas cheias a transbordar de manuscritos inacabados, pois opto sempre por começar um novo texto – “este sim, o melhor!” - do que por acabar os já iniciados. Uma coisa é certa: não me faltam ideias para situações e personagens. E as gavetas a transbordarem...

Escrever não é um processo puramente racional, nem puramente intuitivo. Não basta alinhar palavras umas a seguir às outras, improvisar ou sequer ter boas intenções. Talvez por isso a escrita, para mim, é especial. É especial na medida em que cada um pode depois ler-me ao seu ritmo, pode voltar atrás, pode saltar passagens, até amaldiçoar-me se for o caso.

Os ingredientes para que o leitor se sinta ‘agarrado, são a intuição, o sentimento e doses industriais de imaginação. São estas as fontes de onde brota a escrita. Não se pode ensinar um alguém a ter ideias, apenas se podem oferecer sugestões sobre algo, o seu desenvolvimento, a formação e a realização de uma ideia original.

Ontem, queixava-me, amuado, a uma amiga: “estou bloqueado, não consigo escrever” - mas o que eu pensava realmente era que estava acabado. Quando me dá uma ‘branca’, entro em pânico - um pânico controlado e necessário. E normalmente telefono às pessoas minhas amigas.

Chegado aqui, entra em campo a minha grande confiança: penso mesmo que este ser humano que vos escreve, com todos os seus defeitos e limitações, tem capacidades suficientes para se preservar e inteligência bastante para se melhorar.

Se eu não acreditasse nisso, não teria uma razão para escrever. Uma coisa é certa: quer o tempo que levo a pensar em escrever, quer o tempo realmente passado a escrever enchem-me as medidas todas. Penso primeiramente no meu leitor e facilito-lhe a leitura. Como não sou adepto de textos longos – pois corres o risco de ninguém te ler – tenho a vida facilitada. E os meus seguidores e leitores, também.

Ainda que não aplique sistematicamente esta técnica à letra, utilizo-a com a maior frequência possível, pois só assim multiplicarei as possibilidades de ser (cada vez mais) lido. Não é este, afinal de contas, o único objectivo que pretendo? É. Desenganem-se os que pensavam o contrário. AAS

terça-feira, 10 de maio de 2011

Gela & Mela

"Virtude: és bastante inteligente, seguro e meigo.
Defeitos: agressivo, 'turmentadu'. Resumindo, uma desgraçada tentação ambulante".

M/R: Quem fala assim não é gago... Agora, adivinhem quem é... AAS

segunda-feira, 9 de maio de 2011

... Alugo-me para sonhar (UNIOGBIS inc.) AAS

Assisti hoje, na zona de Háfia, à primeira chuva sobre Bissau. AAS

Djintis djunta sintidu...

Estranho. O 1º Ministro reúne-se com o 'Grupo do Não aos 50 Fcfa', no dia 31, e solicita uma espécie de proposta. Reúne o Conselho de Ministros no dia 2 e este vota a favor dos 50 Fcfa.

Curioso, foi o facto de o 1º Ministro ter ido a despacho com o o Presidente da República com a proposta do Governo debaixo do braço...e, sem passar por ninguém, entrega-o ao PR. No dia seguinte - dia 3, a lei vem publicada no Boletim Oficial, ou seja, foi promulgada por Malam Bacai Sanha!? Curioso. E estranho.

Ditadura do Consenso, no dia 2, perguntou a três pessoas com responsabilidades na Presidência, se essa proposta havia sido promulgada. A resposta variou, mas deu no mesmo: "Isso ainda não chegou cá"; "Não passou pelas minhas mãos". Mas devia ter passado. AAS

domingo, 8 de maio de 2011

Mão, procura-se. Em Djal...

Em Djal, as coisas complicam-se. Para já: 3 homens da etnia Balanta foram mortos, assim como um da etnia Papel. O CEMGFA, António Indjai, foi ao local garantir que o terreno em causa - usado para a plantação do caju - ficará para o Estado. O problema agora é encontrar uma mão, pertencente a um dos balantas. Bitchofla Na Fafé fez o pedido: "se entregaram o corpo, para quê esconder a mão?".

Entretanto, procura-se o terceiro cadáver, escondido pelos papéis - dizem os populares - "debaixo dos cajueiros"... AAS

Será?

... Será que o Governo anda a alcatroar projectos de estrada em Bissau...com os 50/50/50/50/50 'fran' que anda a colectar junto dos exportadores da castanha de caju?! Perguntar não ofende. E, claro, venha daí mais um processo... AAS

Morre-se em Djal

A localidade Djal, perto de Safim, viveu ontem momentos de terror. Do lado dos papéis, um morto; dos Balanta, duas mortes. Um balanço terrível, por causa da disputa de terrenos.

Houve mutilações. Neste momento, Bitchofle Na Fafé, tenta, no terreno mediar este conflito, com a ajuda dos deputados da zona, Cipriano Cassamá e 'Zé N'Pú'.

Dezenas de militares e polícias do Ministério do Interior, armados com metralhadoras AK-47, estão no terreno nesta localidade às portas da capital, Bissau.

Para já, conseguiu-se que um cadáver - da etnia Papel fosse devolvido. É por demais evidente que os guineenses andam com os nervos à flor da pele. E demonstram-no da pior maneira possível. AAS

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Hasta siempre!

Cooperação Guiné-Bissau/Cuba: saúde

88 médicos guineenses, formados em várias regiões da Guiné-Bissau, recebem em setembro os seus diplomas de curso. A cooperação com Cuba está a dar frutos - quer na saúde como na educação.

Cuba, como sempre, cumprirá com o que disse o insigne líder Amílcar Cabral - "Os combatentes cubanos estão dispostos a sacrificar as suas vidas pela libertação dos nossos países e, em troca dessa sua ajuda à nossa liberdade e ao progresso da nossa população, a única coisa que nos levarão são os combatentes que caíram na luta pela liberdade". Os tempos são outros, é claro, mas os objectivos são os mesmos. Muchas gracias compañeros. AAS

UE pelo Cano abaixo

No dia 14 de Abril, deu entrada uma queixa crime na delegação do Ministério Público junto à Vara Crime do Tribunal Regional de Bissau. ANA MARIA CANO SERRANO, attaché para os assuntos contratuais e financeiros nos escritórios da União Europeia, em Bissau, foi a protagonista do maior escândalo de que há memória nos vários balcões que o Banco da África Ocidentel – BAO, tem na cidade de Bissau.

Ditadura do Consenso teve acesso à documentação. Segue a história:

À Sra. Cano Serrano, foi permitido que abrisse uma conta no balcão-sede do BAO sem depositar qualquer quantia em espécie, não solicitando, na altura, nem o livro de cheques nem o cartão multibanco. Dias depois – a 13 de abril - a ‘cliente’ dá entrada no edíficio-sede do BAO, com o objectivo de ‘verificar’ a sua conta bancária.

Passam mais uns dias, e a senhora Cano Serrano regressa ao banco para utilizar o seu cartão de crédito. Como não sabia os preocedimentos, ficou na fila de espera para ser atendida. Devia ter-se dirigido directamente ao balcão de atendimento.

Contudo, nesse dia 13, uma funcionária do BAO - N.C.M, sub-gerente do balcão central, tendo-se apercebido de que a senhora Serrano não havia solicitado nem o cartão nem o livro de cheques, ofereceu-se para a ajudar, prestando toda a informação, incluindo o preenchimento dos formulários. E explicou à senhora Serrano que tudo estava a ser feito «em regime de excepção», pois não tinha a conta aprovisionada. Disse-lhe ainda que o cartão multibanco só daí a 3 semanas uma vez que são feitos no exterior.

É aqui que o caldo se entorna. A senhora Serrano desata aos berros, deixando os clientes e as testemunhas estupefactos. E, aos gritos, disse a quem a queria ouvir que «a conta dela passaria a ter muito dinheiro», acrescentando que se necessário fosse «pagaria os salários da sub-gerente e dos demais funcionários» do BAO. Ameaçou «encerrar a conta» - que não tinha dinheiro.

Mantendo a calma, a zelosa funcionária do BAO, consciente da sensibilidade do serviço de clientes, deixou passar. Levantou-se então na direcção da impressora, para ir buscar a informação acerca do SWIFT da conta da sra. Serrano.

Frustrada pela falta de respostas às suas atitudes de malcriada, a sra. Serrano resolveu agredir a sub-gerente, dando-lhe e de forma agressiva, uma violenta palmada no braço (a palmada foi dirigida à cara da sub-gerente, o que só não aconteceu porque ela se encontrava em movimento). Numa acção de auto-defesa, a sub-gerente segurou-a pelo braço e no pescoço para evitar mais ataques.

Várias pessoas (incluindo da UE), assistiram a esta atitude impensável e bárbara por parte de uma alta funcionária da União Europeia, que representa os interesses dos 27 Estados-membros, europeus, na Guiné-Bissau.

Ainda assim, a sub-gerente dirigiu-se à sra. Serrano, entregoando-lhe a cópia impressa do SWIFT da sua conta, a qual a sra. Serrano, de forma selvática... RASGOU à frente das pessoas que assistiam com perplexidade, gritando que «não precisava do banco para nada». AAS

segunda-feira, 2 de maio de 2011

O Maior Bem

Florbela Espanca (1894-1930), teve uma vida breve porém intensa. Dramas familiares e tragédias não faltaram. Este poema, publicado postumamente como apêndice, faz parte da 2ª edição de Charneca em Flor - considerada a sua obra-prima:

O Maior Bem

Este querer-te bem sem me quereres,
Este sofrer por ti constantemente,
Andar atrás de ti sem tu me veres
Faria piedade a toda a gente.

Mesmo a beijar-me, a tua boca mente...
Quantos sangrentos beijos de mulheres
Pousa na minha a tua boca ardente,
E quanto engano nos seus vãos dizeres!...

Mas que me importa a mim que me não queiras,
Se esta pena, esta dor, estas canseiras,
Este mísero pungar, árduo e profundo,

Do teu frio desamor, dos teus desdéns,
É, na vida, o mais alto dos meus bens?
É tudo quanto eu tenho neste mundo?

Florbela Espanca

ÚLTIMA HORA: Osama Bin Laden foi morto ontem, nos arredores de Islamabad, no Paquistão. Barack Obama disse que os EUA estão na posse do corpo. AAS